Re(start) - II

E melancolicamente disse:
- Então, vieste de onde?
- De Londres, vivi lá desde muito pequena.
- Surpreendente. – Exclamou baixinho.
A MJ não disse mais nada, esboçou um pequeno e inocente sorriso, e fixou-se nas páginas em branco do seu caderno.

Depois de uma longa aula de História, a que a MJ menos gostava, ao preparar-se para sair, arrumando os seus pertences na mochila, o Miguel, um bocado atrapalhado fez-lhe um convite:
- Bem, como ainda não conheces a escola, estive a pensar, se queres que eu te mostre, que achas? Seria bom para ti e para mim, quem sabe até nos podemos conhecer melhor. Alinhas?
- Sim, claro, deixa-me só acabar de arrumar, e podemos ir. – Respondeu-lhe apressadamente.
- Óptimo.
Saíram da sala, e dirigiram-se à entrada principal. Seguiram para o buffet, para buscar qualquer coisa para comer. Iam falando sobre eles, e a MJ parecia realmente entretida, quando ouviu uma voz do outro lado do estabelecimento:
- Uhh, o amor está no ar! – Era o seu irmão Afonso, tinha-os avistado com os seus amigos. Nada melhor do que soltar uma gracinha.
- Ergh, não ligues. – Disse a MJ, meia aflita.
- Conheces? – Perguntou o Miguel.
- Sim, infelizmente. É o meu irmão mais novo.
- Com que então tens um irmão… Quem me dera.
- Acredita que não é assim tão bom. – Olhou-o de lado, enquanto ele dava uma pequena gargalhada. E continuaram a visita à escola. Foram até ao jardim, às salas, à biblioteca, e por fim, o pavilhão de física.
- Então, que achas da escola? – Perguntou-lhe o Miguel.
- Parece-me bem, é grande, muito maior que a minha, as pessoas são simpáticas… - Afirmou a MJ, sorrindo de orelha a orelha.
- Oh, que fofinha. Se precisares de alguma coisa, podes-me sempre chamar.
- Obrigada, fico muito grata.
- Então, gostas dos beatles?
- A-doro! É a minha banda preferida. Por vezes sinto que estou apaixonada por quatro homens, dois deles já faleceram, mas ligo bem com isso. – o Miguel riu-se – Não tem piada, a sério… Eles são espectaculares! E tu, gostas?
- Não… Eu gosto mais de pop e house, música mais do século vinte e um.
- Ah, típico. – disse decepcionada.
- Pareces decepcionada, há algo de mal com isso? – Interrogou-a com um ar aflito.
- Não, toda a gente tem o direito de ouvir o que quer, quem sou eu para julgar os outros.
- Oh… Mas não ouves pop e isso? Aposto que curtes a Lady Gaga.
- Oh my God, Jesus Christ! Que me-do.
O Miguel riu-se da expressão que a MJ utilizou, e conseguiu com que ela solta-se uma gargalhada também.
Foram ainda falando mais sobre os seus gostos, e perceberam que não tinham nada a ver um com o outro. Mas também decidiram que não seria por isso que se iram deixar de falar. Entretanto tocou, e eles dirigiram-se para a sala, e ao entrar, ele agarrou-a pelo braço e deu-lhe um beijo suave na sua cara. Ela corou, e sorriu.
As horas iam-se passando, os intervalos tornavam-se cada vez mais pequenos, o almoço tinha passado a correr, agora que ela tinha alguém que estava sempre com ela. MJ sentia-se feliz, e o Miguel também tinha-lhe dito que se sentia bem ao lado dela. Já os outros, outras raparigas, melhor dizendo, não achavam piada nenhuma. Encheram-se de inveja, e começaram a mandar olhares muito ameaçadores, mas a MJ não ligava, estava feliz, era o que importava.
No fim do dia, ele perguntou-lhe se podia acompanhar a casa, ela aceitou.
Pelas ruas, via-se duas almas alegres a caminhar, a partilhar gostos, opiniões e ideias. A MJ era daquelas raparigas que tinha sempre uma ideia formada, e tinha sempre algo a dizer, mas quando Miguel voltou a dar-lhe um beijo na cara, já quando ela tinha chegado a casa, ela não disse nada, sorriu. E assim despediram-se.
Mais dias assim se passaram. Estavam sempre juntos, nunca se largavam nem por um segundo. Os colegas, começaram com rumores de que algo se estava a passar ali, porém os amigos dele e as raparigas mais populares da escola não caíam nesses rumores, todos sabiam que o Miguel era o quebra corações dali, já tinha dado, sem exagero, uma volta com quase todas as raparigas do seu ano. Por isso, eles pensavam que não seria de mais uma conquista. Mas será que era mesmo? Ou desta vez era diferente?


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